quinta-feira, 30 de abril de 2009

VALE A PENA LER DE NOVO

Jogar como os grandes para vir a ser como eles
A condenação que aqui fiz ao cinismo do antijogo e do contra-ataque, há uma semana, mereceu uma resposta do José Manuel Delgado. Já por várias vezes tínhamos discutido o assunto, o que me levou a ler ainda com mais atenção a defesa dos treinadores que, não por convicção, mas "por necessidade”, “deitam mão de tácticas defensivas”. E respondo. Concordo com a tese, mas discordo da sua defesa. Sim, é necessário reduzir o número de clubes na I Liga. Não, não acho que o antijogo seja frutuoso. A questão é subjectiva e nunca poderá ser provada a razão de uma ou da outra parte, mas acho que os treinadores dos pequenos devem, acima de tudo, tentar jogar como os grandes se algum dia querem ser como eles.
Não me aborrece o “antijogo” do Mestre de Avis na Batalha de Aljubarrota. Por várias razões, das quais cito uma: nessa altura não venderam bilhetes e não se colocava a questão do respeito pelo público que os compra. Depois, em jogo estava muito mais do que um jogo de futebol, por inerência um espectáculo ou um divertimento. Os utilitaristas podem sempre dizer que hoje, com as pressões que se colocam sobre uma equipa profissional, há que ganhar a todo o custo. Mas quem disse que o melhor modo de o fazer é negar o espectáculo? Billardo ganhou um Mundial a praticar antifutebol, mas tinha Maradona, o último génio que já apareceu nos relvados. E antes dele já Menotti tinha ganho um título idêntico a jogar bem. A discussão entre “Menottistas” e “Billardistas” é filosófica e, por isso mesmo, será eterna. Mas nunca nenhum dos grupos poderá negar a razão ao outro. Resta-nos assim a questão do gosto. E dá mais gozo ganhar a jogar bem do que a jogar mal.
Jorge Valdano, que sabe do que fala, porque aplicou os mesmos princípios de jogo quando se tratou de salvar o Tenerife de descer de divisão e quando precisou de ganhar o campeonato, no Real Madrid, nega a discussão em torno do “resultadismo”. “Acima de tudo, há que jogar bem, pois se jogarmos bem há mais hipóteses de ganharmos”, diz. O antijogo pode até valer um bom resultado episódico a um clube pequeno quando joga com um grande (e nem sempre, como se viu pela falta de surpresas na eliminatória desta semana da Taça de Portugal), mas nunca lhe permitirá a consistência própria das boas equipas. Em sentido contrário, a prática do bom futebol pode reduzir as hipóteses dos pequenos baterem o pé aos grandes, mas dá-lhes uma rotina de futebol construtivo que pode ajudá-los contra as outras equipas do seu campeonato. E, no futuro, até contra os grandes. Porque de tanto jogar como eles, uma equipa pequena pode deixar de o ser.
António Tadeia, no jornal Record de 16 de Novembro de 1999
(artigo publicado com a autorização do autor)

terça-feira, 28 de abril de 2009

QUEM FALA ASSIM NÃO É GAGO

El fútbol es de los técnicos. Y no me refiero a los entrenadores, sino a los futbolistas que dominan la técnica. Pase y control del balón. Con la derecha y con la izquierda.
Johan Cruyff

segunda-feira, 27 de abril de 2009

FUTEBOL (COM) SENTIDO

Parte I
Caçar com gato


A crónica “Divórcio anunciado” começa por evidenciar que alguém, que também muito prezo, faz apologia do “médio transportador”. Penso que, no caso, não se trata de fazer a apologia deste tipo de jogador, mas antes reconhecer que as potencialidades e singularidades de um determinado jogador, Cristián Rodríguez, permitiram à sua equipa, o FC Porto, criar uma subdinâmica alternativa, que passou a ter primazia, por dar respostas diferentes, e por sinal mais eficazes, à forma como a equipa transita para o ataque. Note-se que tal não significa que também eu faça apologia deste tipo de funcionalidade colectiva (que, na maior parte das vezes, tende para desfuncionalidade). Contudo, não me choca que haja equipas que o façam. Parece-me que, mais do que a apologia do “médio transportador”, aquilo que o tão prezado comentador sugere é que, face à não existência de um verdadeiro pivô na equipa do FC Porto, esta mostrou-se a alternativa mais viável.

Penso que Fernando, tendo uma evolução interessante, ainda não sabe funcionar como pivô, ainda só é útil e eficaz em meio jogo: quando a equipa perde e não tem bola. Em posse, os seus movimentos de apoio ao portador devem ser melhorados, a criação de diagonais de passe nem sempre é assegurada, muitas vezes esconde-se e, além disso, a sua qualidade de passe e noção de ritmo não lhe permitem dar à equipa uma dinâmica muito abrangente e variável, visto que não consegue acelerar através de passe, não tem facilidade em identificar os timings de entrada da bola, não tem facilidade em variar com qualidade o lado da bola, nem de alternar passe longo e curto (tudo isto ainda mais evidente sobre pressão). Por isto, e talvez por mais algumas coisas, apesar de jogar na posição 6, não consegue ser o elo de ligação que a equipa necessita nos momentos de transição ofensiva, já que não é capaz de fazer chegar a bola à frente de forma rápida, como o treinador parece desejar. Por apenas jogar meio jogo, a alternativa foi encontrar alguém que, face à forma de jogar desejada, pudesse responder de modo mais ajustado ao jogo todo.

A solução passou por Rodríguez, um jogador que, jogando a partir de posições mais adiantadas, assumia outras funções nas quais não exponenciava algumas das suas potencialidades, além de retirar algumas coisas à equipa que, no meu entender, se constituíam como um estorvo. Um exemplo, e uma vez que parte geralmente de posições interiores, é a perda de largura na frente e, por conseguinte, o roubo de espaço a explorar pelo ponta de lança, assim como a sobreposição de zonas a explorar por ambos. Lá está, “quem não tem cão caça com gato”! Trata-se, pois, de uma questão de prioridades, tendo em consideração as potencialidades e necessidades da equipa. Um balanço e uma tarefa que, na verdade, são o cerne da actividade de um treinador.
Face ao exposto, penso que o que o nosso estimado amigo sugere é que o recurso a Cristián Rodríguez, naquele contexto concreto, acaba por ser um mal menor. Se a sua apologia fosse pelo “médio transportador”, não faria sentido que essa mesma pessoa identificasse como “erro conceptual” e fonte primeira da generalidades dos bloqueios colectivos da equipa do Sporting a inexistência, por opção do treinador, de um jogador capaz de desempenhar com qualidade as funções de pivô. Uma posição e função que, numa estrutura como a do Sporting, me parece determinante.

Jorge Maciel

FUTEBOL (COM) SENTIDO

Respondendo ao desafio do autor deste espaço, amigo e companheiro de paixão, proponho-me fazer uma divagação acerca da possibilidade de um casamento feliz para aquilo que, à partida, poderá parecer um "divórcio anunciado": a coexistência do pivô com "médios transportadores". Mas vamos por partes...
Jorge Maciel

sábado, 25 de abril de 2009

EM DESTAQUE



Título
O problematizar de dois princípios de jogo fundamentais no acesso ao rendimento superior do futebol: o «PRESSING» e a «POSSE DE BOLA» expressões duma «descoberta guiada» suportada numa lógica metodológica em que «o todo está na(s) parte(s) que está(ão) no todo».
(A equipa sénior do Futebol Clube do Porto 2001/2002 e 2002/2003: um «estudo de caso»)

Autor
Ricardo Barreto

Orientador
Professor Vítor Frade

Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e Educação Física, na opção de Futebol, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

Resumo
Com a chegada de José Mourinho ao F.C. Porto na época de 2001/2002, este treinador, com a implementação de uma nova metodologia de treino – Periodização Táctica – conseguiu contrariar a tendência da maioria das equipas portuguesas de ser eliminada das competições europeias logo nas primeiras eliminatórias. Na época de 2002/2003, este clube acabou por conquistar não só a Taça UEFA, como também a Super Liga, a Taça de Portugal e a Supertaça.
José Mourinho, nas entrevistas que dava aos jornais e revistas da especialidade, fazia sobressair dois princípios de jogo que considerava fundamentais – pressing alto e a posse de bola. Estes dois princípios eram vistos como se de um meio (pressing) para atingir um fim (posse de bola) se tratasse, criando assim a ideia de que eram contemplados, no Modelo de Jogo do F.C. Porto, em constante correlação.
Esta nova perspectiva, deste «novo» treinador, veio contrariar a maioria dos trabalhos científicos realizados na área do futebol, que estudavam sistematicamente os princípios de jogo «pressing» e «posse de bola» de uma forma analítica, isolada e descontextualizada.
Assim, e partindo destas duas «partes» – «pressing» e «posse de bola» – que são representativas de um «todo» – Modelo de Jogo – partimos para uma «descoberta guiada» em busca da identificação dos traços mais marcantes destes dois «conceitos» considerados como fundamentais por José Mourinho, e que, em certa medida, poderão constituir-se como algumas das possíveis justificações para o sucesso alcançado por esta equipa e por este treinador.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

QUEM FALA ASSIM NÃO É GAGO

"Contra a crença popular, os futebolistas são tão generosos no esforço que, por vezes, correm mais do que o jogo pede."
Jorge Valdano

terça-feira, 21 de abril de 2009

FUTEBOL (COM) SENTIDO

Centros de alto desperdício

Inevitavelmente estamos a entrar numa nova era do Futebol. Contudo, questiono se este será o caminho mais correcto para promover e estimular aquele que, pela simplicidade das suas regras e prática (ainda que, neste último caso, aparente), se tornou num fenómeno único. Confesso não ter grandes dúvidas de que, a manter-se nesta rota, o futuro do Futebol está ameaçado. Com efeito, pela dimensão que alcançou, nele proliferam oportunistas que, dotados muitas das vezes de uma cegueira premeditada, tentam angariar parceiros, a peso de ouro.

Nos últimos meses, quer na imprensa espanhola quer na portuguesa, pudemos ler algumas reportagens relacionadas com a aplicação de meios ditos “científicos” ao treino de futebol. Deste modo, foi notícia a criação e funcionamento de centros de alto rendimento em clubes como o Real Madrid e o SL Benfica. Com nomes pomposos, respectivamente, Real Madrid TEC e LORD (Laboratório de Optimização do Rendimento Desportivo), estes clubes apresentaram aqueles que parecem ser os seus ovos de Colombo. Aliás, tal como há já muito havia feito o AC Milão com o famoso Milanelo que, por sinal, serve de referência a ambos os projectos.

No Real Madrid, o mentor do projecto foi Valter di Salvo, apelidado de Cristiano Ronaldo da preparação física, cujos poderes são absolutos na parte física e no funcionamento do TEC. Já no Benfica, parece ser Bruno Mendes o responsável pelo LORD, procurando que esta estrutura funcione como elo de ligação entre o departamento médico e a equipa técnica encarnada.
Tratam-se, sem dúvida, de projectos que exigem muita dedicação, empenho (ainda que, a meu ver, não no essencial) e trabalho árduo (embora o burro, por muito que trabalhe, nunca venha a ser cavalo) por parte dos colaboradores e, para gáudio de alguns (cada vez mais), muito dinheiro, sobretudo devido a consultadoria “científica” em diferentes domínios. O que não quer dizer que o façam de forma multidisciplinar, muito pelo contrário, uma vez que o raciocínio subjacente a tais projectos apoia-se num entendimento reducionista e espartilhado do futebol.

Em ambos os casos, os objectivos assemelham-se: fazer um seguimento e possuir um registo “detalhado” de cada jogador e dispor de uma “infinidade de dados válidos e fiáveis”, de modo a que as equipas técnicas rentabilizem os respectivos plantéis. Para tal, socorrem-se de uma panóplia de testes físicos a realizar com grande periodicidade, programas individualizados de fortalecimento muscular para os seus “atletas”, podendo no caso do Real Madrid encontrar-se diferentes espaços, relativos a diferentes departamentos. Neste caso, fala-se na sala da velocidade, na sala da condição física geral, na sala de estudos antropométricos, na sala de estudos biomecânicos e também na “habitação da mente”, o espaço que, pelos vistos, mais impacto tem criado e onde, supostamente, se procura analisar os efeitos que a pressão da competição pode exercer sobre os jogadores. Sinceramente, duvido muito que esta habitação (de)mente, mesmo tendo pressupostos muito válidos e comprovados pelas neurociências, consiga reproduzir, de forma aproximada, por exemplo, a pressão sentida por um jogador no Santiago Barnabéu...

Um dos aspectos mais curiosos das reportagens que puderam ser lidas em torno deste tema, relaciona-se com aqueles que são apresentados como resultados imediatos do LORD. A saber: (1) relatório da UEFA refere o Benfica como a equipa com menos lesões na Europa; (2) recuperação de Suazo, de rotura muscular feita em tempo recorde, apenas 18 dias; (3) os “casos flagrantes” de Di Maria e David Luís que têm actualmente e de forma respectiva, mais 8 e 10 quilos cada um.

Vejamos agora o meu ponto de vista: (1) as recentes e frequentes lesões do Benfica contrariam, inequivocamente, tal relatório (além disso, a UEFA não tem necessariamente de tomar conhecimento de todas as lesões dos clubes e as estatísticas, no futebol, raramente são de confiar, sobretudo quando surgem como auxílio a “vendedores de banha da cobra”); (2) David Suazo após essa recuperação “espectacular” voltou a lesionar-se e não jogará mais esta época; (3) o aumento de peso de Di Maria e David Luíz não se tem reflectido numa melhoria da qualidade dos seus desempenhos, mas antes, no caso do último, num aumento da instabilidade articular que lhe tem valido lesões frequentes; Di Maria não tem lesões, o que dada a sua densidade competitiva não causa admiração, mas apresenta uma evolução ao nível da inteligência de jogo, desesperante e a sua relação com o jogo é cada vez pior (talvez aconteça o oposto na sua relação com as máquinas de musculação...).

Mas a aparente incapacidade geral em reconhecer estes factos, que me parecem evidentes e inequívocos, não é, quanto o mim, o ponto mais grave destas cegueiras. Esse relaciona-se com o desejo de aplicar tais projectos à generalidade dos jogadores da formação. No Real Madrid, o desejo é fazer surgir novos “Raúles, ganadores natos com una gran fuerza mental”. E eu questiono: será que aquilo que fez do Raúl o que ele é tem algo a ver com isto?! E, ultimamente, quantos jogadores da “cantera” têm singrado no Real Madrid?! No Benfica, nos bastidores, pelos vistos diz-se que “os títulos também se ganham assim”. O Benfica é a prova cabal disso mesmo!!!

Antes de terminar, não queria deixar de salientar que, quanto a mim, alguns dos meios apresentados, nomeadamente os que se relacionam com a observação de treinos e de jogos, têm de facto potencialidades. Contudo, caso estes instrumentos não sejam devidamente utilizados, parece-me que apenas servirão para atrapalhar. Como por vezes refere Vítor Frade, é como se tivéssemos, em termos abstractos, uma enorme destreza a utilizar os talheres, mas depois, quando vem a sopa, vamos lá com o garfo! O modo como se usa e abusa deste tipo de meios tem subjacente e é revelador daquela que é, para mim, a maior cegueira que afecta o Futebol: a incapacidade de se decifrar a sua essência. E tal repercute-se nos clubes que deles se socorrem. Pegando nos dois casos apresentados, são equipas que não funcionam como tal, evidenciando uma primazia no plano individual em detrimento do colectivo, à semelhança do modo como parece ser perspectivado o treino nestes clubes. São também equipas que desencantam com a bola e com pouca relação com o jogo, o que não é igualmente de admirar, quando a bola ou mais concretamente aquilo que de qualidade se pode fazer com e sem ela (intencionalidade – Táctica) é relegado para segundo plano em favor de um fisicismo abstracto que, pelos vistos, se pode aplicar de forma semelhante em Madrid ou no Seixal (como se fosse sensato usar o mesmo molde em contextos distintos...).

Este tipo de concepções de treino que querem colocar realidades diferentes no mesmo saco cabem, elas sim, todas no mesmo saco. Por isso digo que a norma do treinar, com mais ou menos “embrulho”, continua obcecada na fomentação das suas maiores cegueiras, o fisicismo e a ânsia de formatar “atletas”. Costuma dizer-se que em terra de cegos quem tem olho é rei, mas, como salienta Johan Cruyff, mesmo assim só conseguem ver com um olho. Daí que se desperdice tempo, talento, dinheiro, recursos,...

Jorge Maciel

segunda-feira, 20 de abril de 2009

QUEM FALA ASSIM NÃO É GAGO

A forma não é física. A forma é muito mais do que isso. O físico é o menos importante na abrangência da forma desportiva. Sem organização e talento na exploração de um modelo de jogo, as deficiências são explícitas, mas pouco têm a ver com a forma física.
José Mourinho

quinta-feira, 16 de abril de 2009

OPINIÃO

Uma questão de lógica de jogo com comportamentos coerentes na sua globalidade
por José T.

Em resposta à solicitação do autor deste espaço, disponibilizei-me para discutir alguns pormenores de jogo relacionados com a crónica «Divórcio anunciado».
A questão do «pivô» e do «médio transportador de bola» é uma discussão interessante, fundamentalmente, ao nível dos conceitos, dos princípios e da lógica subjacente à equipa como um todo.
Parece-me demasiado fácil e sedutor usar conceitos que consideramos mais inteligentes ou evoluídos na tentativa de nos mostrarmos mais sabedores ou conhecedores sobre determinado assunto, mas devemos ter sempre o cuidado de perceber quais as suas origens e se tais conceitos são, ou não, adequados para o tema que estamos a discutir.
Para mim, o conceito de pivô está intimamente ligado a uma organização ofensiva em posse e circulação, com uma dinâmica interactiva de ocupação dos espaços com e sem bola. O que se pretende é que a equipa tenha zonas de passe perto e longe da bola, isto é, um jogo posicional sincronizado em que os jogadores funcionam uns em função dos outros, tentando encontrar o espaço e o momento adequados para fazer a bola penetrar ou finalizar com golo. Neste contexto, o pivô aparece como uma das figuras centrais, pois ocupa uma posição favorável, por excelência, para fazer a bola circular. Ele é um elemento organizador do jogo posicional, reaferindo espaços e equilíbrios, controlando timings de aceleração e temporização do jogo. A partir da sua zona, cria jogo pelo corredor central, o que permite à sua equipa jogar no interior do adversário. No fundo, numa lógica de controlo do jogo em posse de bola, num padrão por excelência de posse e circulação que procura os espaços do terreno de jogo favoráveis para criar os momentos óptimos para finalizar com golo, podemos e devemos usar o conceito de pivô para o jogador com a função acima descrita. Fora deste contexto, parece-me atrevido atribuir um conceito tão nobre, complexo e evoluído a um jogador!
Quanto à ideia de «médio transportador de bola», facilmente se interpreta que um médio, avançado ou defesa que seja «transportador de bola» está desadequado ou é mesmo contraditório a um padrão de jogo de posse e circulação. Num jogo circulado e apoiado, com jogadores perto e longe da bola, com ocupação racional do terreno de jogo e com a ambição de encontrar os melhores espaços para finalizar, torna-se desprovido de sentido algum jogador «transportar a bola». Porquê? Porque tal não é necessário!!! Porque é contrário ao padrão global existente.
No entanto, devemos ter o cuidado de perceber as diferenças entre «transportar a bola» e «penetrar com bola». A primeira situação implica deslocação de um objecto, enquanto a segunda implica a identificação de um espaço óptimo que deve ser ocupado. A primeira acontece várias vezes em jogos de transição onde os jogadores estão sozinhos ou desapoiados, com raras zonas de passe reais e onde existe uma vertigem pela aceleração – demasiadas vezes sem critério, porque se acredita que, quanto mais rápido o deslocamento, mais perto se está do golo. A segunda funciona como uma excepção. É uma estratégia de ocupação de espaços que tem subjacente um princípio e uma intenção e onde facilmente se observa uma sub-dinâmica de jogadores e comportamentos para se beneficiar de tal situação. No fundo, a primeira reflecte uma lógica individual, de quem transporta, enquanto a segunda reflecte uma lógica global, um padrão racional de circulação assente num jogo posicional de excepção!
José T.

PERIODIZAÇÃO TÁCTICA, o que nos diz Vítor Frade

Articular com sentido
Os «exercícios», em si mesmos, têm pouco valor. Têm unicamente informação potencial. A ênfase que eu coloco nisto e naquilo enquanto o «exercício» acontece, o modo como eu ligo isto com aquilo e a articulação entre «exercícios», são os aspectos mais importantes e os mais difíceis de dominar. E dependem exclusivamente do treinador. Por isso é que eu digo que os «exercícios» nunca são novos. Têm de estar sempre relacionados uns com os outros.
Vítor Frade (1998)

quarta-feira, 15 de abril de 2009

OPINIÃO

“Jogar para os pontos”?!!
por Carlos Campos
A finalidade das equipas de futebol terem um treinador parece-me estar relacionada com a necessidade de este lhes transmitir uma identidade própria, um determinado tipo de inter-relacionamentos entre os jogadores que lhes permitam jogarem o mesmo jogo, o mesmo futebol. Há a necessidade de os jogadores se sincronizarem na mesma ideia para que, em cada momento do jogo, se movam no mesmo registo e funcionem como um todo que partilhe os mesmos princípios de acção. Só desta forma poderemos falar em Equipa na verdadeira acepção da palavra, num colectivo que, jogando de determinada forma, tenta em cada jogo superiorizar-se ao adversário procurando marcar mais golos do que aqueles que sofre.
Esta identidade, esta determinada forma de jogar futebol cuja construção é da responsabilidade do treinador, é conseguida através das diferentes solicitações que este lhes propõe ao longo do processo de treino, ou seja, é neste processo que os jogadores vão adquirindo os princípios de acção que consubstanciam o jogo da equipa.
A riqueza da ideia de jogo que o treinador tem é de vital importância, pois boas ideias são fundamentais para bons futebóis. Contudo, mesmo uma ideia mais pobre, ou menos complexa, poderá sobreviver se for operacionalizada com qualidade, isto é, se essa forma de jogar for a prioridade a desenvolver, se tiver os seus princípios bem estruturados e hierarquizados, se tiver em conta uma alternância horizontal dos conteúdos de treino que lhes permita uma assimilação gradual e saudável daquilo que o treinador pretende e se este dominar tudo isto e, com uma intervenção perspicaz, for ajustando todas estas variáveis tendo em vista a tal ideia…
Esta introdução lapalissiana (sê-lo-á para a maioria… espero) esbarra estrondosa, diria mesmo catastroficamente, nos treinadores que, perto do fim das respectivas ligas, assumem heroicamente: «A partir de agora vamos jogar para os pontos!». Ora, surge aqui um ponto de ruptura marcadamente ilógico, sem sentido nem coerência, que ataca de forma aniquiladora e voraz aqueles que, como eu, acreditam nas tais verdades de la Palisse que referi anteriormente. Será que os treinadores que dizem isto não jogavam para ganhar até então???
O que se verifica habitualmente após este tipo de mudança de atitude são equipas a alterarem subitamente a sua forma de jogar procurando, sempre que têm a bola, colocá-la directamente na área adversária na crença de duas coisas: 1) «Bola perto da baliza adversária aumenta a probabilidade de golo nosso»; 2) «Bola longe da nossa baliza reduz a possibilidade de sofrermos golo».
Admitindo isto como meias verdades, emanam daqui um conjunto de questões que me causam uma enorme intriga que é a raiz deste texto. Se um treinador acredita que esta é a melhor forma de conquistar pontos, por que não jogou assim desde o inicio, procurando inclusivamente treinar isso (a tal ideia pobre…)? Treinador que mude o seu jogo de uma semana para a outra saberá o que é treinar para um «jogar»? Treinador que diga «A partir de agora vamos jogar para os pontos» alguma vez terá tido como preocupação desenvolver na sua equipa uma identidade? Achará isso importante?
Creio que um treinador que diz isto não é treinador, porque não cumpre nenhum dos requisitos sine qua non daquilo que, para mim, é SER TREINADOR. Treinador que o seja e não esteja a vencer, identifica e reajusta aquilo que está mal, mas joga sempre para os pontos, pois acredita que a sua ideia de jogo (sim, porque um treinador que o seja de facto tem uma ideia de jogo que procura desenvolver) é a melhor forma de ganhar os jogos.
Percebo perfeitamente o que é a necessidade imperiosa de pontos, níveis de confiança baixos por sucessivos insucessos, adeptos descontentes, Direcção a pressionar, etc., mas a melhor forma de conquistar pontos é a jogar bom futebol, proveniente de uma boa ideia bem treinada, sendo isto apenas passível de ser desenvolvido por bons treinadores!
Carlos Campos

segunda-feira, 13 de abril de 2009

QUEM FALA ASSIM NÃO É GAGO

O pivô deve ser muito mais um farol do que um pirilampo.
Vítor Frade (2004)

sábado, 11 de abril de 2009

IDEIAS SOLTAS

Receita para a Europa
Na passada terça-feira o FC Porto empatou a 2 golos em Old Trafford com o «todo poderoso» Manchester United. No dia seguinte, o Barcelona recebeu no Camp Nou o Bayern Munique e, ao fim de 45 minutos de jogo, já tinha marcado 4 golos sem resposta.
No meio de tantas diferenças entre uma e outra equipa, algumas semelhanças saltaram à vista: quando em posse de bola, tanto a equipa de Jesualdo como a de Guardiola revelavam o habitual 4x3x3 como estrutura base e um triângulo de meio-campo com um vértice recuado e dois vértices avançados; quando sem bola e em bloco baixo, ambas defendiam com uma linha de 4 defesas e o triângulo de meio-campo, assim mesmo, 4+3 jogadores escalonados em função dos critérios dos seus treinadores e a bascularem em função da bola, opondo-se zonalmente à sua progressão; nesses momentos de bloco baixo, os 3 homens da linha avançada não defendiam em função da subida, ou não, dos seus adversários directos, mostrando jogar segundo outros critérios que articulam o presente (sem bola) com o futuro provável (recuperar a bola). Falo aqui de regularidades, de interacções que se podem observar 7 ou 8 vezes em cada 10. O resto é circunstancial.
Onde é que eu pretendo chegar com tudo isto? Numa altura em que muitos se convencem e nos tentam convencer de que uma equipa com «estofo» europeu não pode passar ao lado do 4x4x2 (ter-se-ão esquecido que uma estrutura não tem vida própria ou dinâmica universal?), estes dois treinadores parecem mostrar que, a haver uma receita, ela passará muito mais por doses significativas de convicção, coerência e coragem na abordagem a uma organização de jogo.
Nuno Amieiro

quinta-feira, 9 de abril de 2009

UM LIVRO


Título
A justificação da Periodização Táctica como uma fenomenotécnica
«A singularidade da INTERVENÇÃO DO TREINADOR como a sua impressão digital»
Autor
Carlos Campos
Editora
MCSports
Prefácio
Luís Freitas Lobo
Colaboração
Rui Faria (adjunto de José Mourinho no Inter de Milão)
José Guilherme Oliveira (adjunto de Carlos Queirós na Selecção de Portugal AA)
Marisa Gomes (treinadora dos quadros do futebol de formação do FC Porto)
Data de edição
2008
Língua
Português


Para abrir o apetite...

Para Frade (2004a) a grande condição da Periodização Táctica é ser uma «fenomenotécnica» na operacionalização do treino. Isto quer dizer que não é suficiente dizer-se que a natureza desta realidade é caracterizada pela extrema sensibilidade às condições iniciais e depois deixar correr o processo sem qualquer intervenção. A causalidade não linear consiste precisamente no facto da intervenção ter o poder de alterar muita coisa, o que, aplicado ao treino no Futebol, faz todo o sentido e tem enorme pertinência dando a clara indicação que a intervenção do treinador durante os exercícios será um factor fundamental para o seu correcto direccionamento em função do modelo de jogo."
"Gomes (2007) referindo-se à intervenção do treinador durante o jogo, defende que esta não muda os hábitos pois isso tem que ser incorporado, vivido e sentido pelos jogadores no processo de treino. Se é no treino que devemos modelar o jogo que queremos, fará pouco sentido intervir de forma sistemática quando o jogo está a decorrer pois isso será sintoma evidente que o processo de treino fracassou uma vez que não condicionou o «jogar» idealizado.

Os diversos momentos do jogo (ataque, defesa, transição para ataque e transição para defesa) não podem ser vistos como estanques em si mesmos, isto é, eles dependem-se mutuamente e na construção dos princípios de cada um deles temos de ter em conta a ligação com os restantes sob pena de haver uma desarticulação comprometedora da qualidade do jogo.

Guilherme Oliveira (Anexo 1) fala-nos de uma fractalidade transversal relacionada com todos os momentos do jogo, ou seja, os comportamentos pedidos, por exemplo no momento de organização ofensiva, têm em consideração o momento de perda da bola e por conseguinte os momentos de transição para defesa e posteriormente de organização defensiva. Assim há uma interacção entre os diferentes momentos e o que está a acontecer num determinado momento está a ter uma resposta baseada não só no sucesso do momento em causa mas também dos momentos subsequentes tal como um sistema de roldanas (Figura 1) em que a inversão do sentido de uma delas implica uma resposta das demais visto que estão em interacção permanente.

Todo o comportamento individual deve ser referenciado ao contexto macro, ou seja, a um comportamento geral que a equipa deve fazer aparecer. Assim, todas as decisões de cada jogador devem ter sempre uma referência comportamental colectiva pois caso contrário estaremos a treinar aspectos que não têm sentido para a globalidade, para o padrão mais geral do jogo. Segundo Guilherme Oliveira (Anexo 2) isto representa uma fractalidade em profundidade «que está presente na medida em que, por exemplo, eu peço um comportamento mais geral no momento de organização ofensiva e o comportamento mais individual tem a ver com esse comportamento mais geral».

Para o comportamento geral aparecer, o colectivo, cada um dos jogadores têm que agir em congruência e isso exige treino, como tal há que treinar essa sincronização para que todos confluam para o mesmo objectivo. Imagine-se uma grande peça de um puzzle que para se manifestar na sua plenitude necessita de ser completada e para isso acontecer são precisas todas as peças sem excepção (os onze jogadores), cada uma no seu lugar, desempenhando a sua função específica nesse todo ao qual pertence e subordina a sua acção (Figura 2). Naturalmente que a influência que cada jogador tem em determinado momento para o surgimento desse comportamento geral pretendido não é a mesma no que à magnitude diz respeito mas todos eles contribuem em confluência para permitir esse objectivo final. Se pensarmos por exemplo num momento de organização ofensiva, é aceitável que se dê mais relevância ao portador da bola ou àqueles que se encontram nas linhas de passe mais próximas (peças maiores), contudo, mesmo os colegas mais afastados ou com menor probabilidade de receber a bola (peças menores) devem estar a agir numa participação consonante com o comportamento almejado, isto é, contribuem (encaixam) para o aparecimento do comportamento geral pretendido.

E ainda... um pequeno excerto da entrevista a Rui Faria que o autor teve a gentileza de incluir,na íntegra, nas últimas páginas do livro...

Carlos Campos: Admite como potencialmente importantes para a consecução do Modelo de Jogo outras coisas que não a repetição sistemática em especificidade dos Princípios de Jogo, isto tendo em conta a sua vasta experiência a top? (musculação, personal-training, piscina…)
Rui Faria: Eu não vejo outra possibilidade que não seja essa repetição sistemática em especificidade dos Princípios de Jogo porque é FUNDAMENTAL perceber que a organização é o sucesso e quanto mais organizada for a equipa mais probabilidade de sucesso haverá.
Numa época extremamente competitiva onde por vezes a falta de tempo para treinar obriga-nos a fazê-lo numa supra-especificidade relativamente ao Modelo, a única preocupação que temos é treinar comportamentos de jogo, é treinar princípios, é atender ao lado estratégico em função do adversário numa perspectiva de antecipar o que vai acontecer no próximo jogo, corrigir comportamentos do jogo anterior, ou seja, temos que rentabilizar ao máximo o tempo que temos para treinar, para potenciar ao máximo o padrão comportamental que queremos e não pensamos em mais nada!
Carlos Campos: Mas estando a top, onde qualquer detalhe é decisivo, não sente necessidade de uma individualização do treino com recurso a máquinas de musculação, piscina, personal-training… Insisto nisto porque somos confrontados diversas vezes, mesmo dentro da nossa Faculdade, com o facto de vocês no Chelsea, utilizarem este tipo de recursos? Confirma isso? Em que moldes o faz?
Rui Faria: Só por idiotice e falta de rigor científico se pode afirmar uma coisa dessas porque a necessidade em termos de evolução do jogo é de tal ordem que não temos tempo para pensar nesse tipo de particularizações e nessas questões. A nossa perspectiva de trabalho não fomenta isso porque não acredita que isso se possa privilegiar em termos de rendimento e como o que nós queremos é rendimento e isso passa por organização é de uma extrema idiotice pôr em causa ou dizer-se – e eu não sei onde se foi buscar essa ideia – que temos personal-trainers ou fazemos musculação. É uma falta de rigor científico enorme fazer-se comentários desse género pois quando nós não temos tempo para treinar aquilo que é fundamental para nós, quanto mais para treinar coisas que não fazem parte da nossa forma de pensar o treino, portanto elas não fazem parte da nossa natureza mesmo que tivéssemos tempo e que fique bem claro que elas não existem na nossa forma de treinar! Volto a repetir que só por idiotice e por falta de rigor científico é que as pessoas podem dizer que nós tínhamos personal-training ou que fazíamos treinos na piscina!
(...)
O principal responsável era o treinador e em seguida era eu e como segundo responsável da estrutura técnica afirmo que é ridículo pessoas dizerem que fazemos um determinado tipo de coisas que na realidade não fazemos! Quem não acreditar pode vir observar e constatar o que estou a dizer.
É fácil perceber que durante um processo de reabilitação médica, existam jogadores que tenham, pela forma como o departamento médico se organiza, responsáveis pelo seu processo de reabilitação, de superação da lesão, e estes jogadores eram entregues a elementos do departamento médico que tinham em determinadas horas o cuidado de tratar deles e actividades para fazer com os jogadores sendo que aí sim, utilizavam os meios que eles consideravam serem importantes para a sua recuperação mas aqui os jogadores não estavam a trabalhar no terreno, não estavam entregues à equipa técnica pois estamos a falar do processo de recuperação onde iam ao ginásio, faziam hidroginástica mas numa perspectiva de recuperação funcional e biomecânica. A partir do momento em que os jogadores estavam recuperados funcionalmente e voltavam para o terreno, todo o trabalho era progressivamente específico em termos de modalidade e Modelo de Jogo.
Não temos necessidade de provar nada a ninguém, até pelo trajecto que temos feito, nem temos necessidade de dizer que fazemos uma coisa e fazermos outra só porque nos lembramos de dizer que somos diferentes. Nós somos efectivamente diferentes e para as pessoas que não conseguem perceber essa realidade é-lhes mais fácil dizer que nós somos iguais a eles do que dizerem que trabalhamos duma forma diferente porque nós sabemos como eles treinam mas eles desconhecem completamente a nossa forma de operacionalizar o treino.

QUEM FALA ASSIM NÃO É GAGO

Antigamente, sobravam tempo, espaço e oportunidades para as crianças jogarem longe das regras dos adultos. Nesses espaços não havia limite de toques ou caminhos proibidos. Muito menos caminhos obrigatórios.
Paulo Sousa

segunda-feira, 6 de abril de 2009

PERIODIZAÇÃO TÁCTICA, o que nos diz Vítor Frade

Tempo para treinar (I)
Na dita pré-época o treinador não tem muito mais tempo para treinar comparativamente ao período competitivo. Aquilo que é treino, aquilo que é exigência de corpo inteiro, o treinador não tem mais. Terá, eventualmente, um pouco mais por força da inexistência de um quadro competitivo, mas não se deve iludir, porque, se o que pretende é levar a efeito a aquisição de um determinado dinamismo por parte da equipa, não o vai conseguir se os jogadores estiverem cansados. O treinador pode é gastar mais tempo no plano da identificação, na abstracção, na conversa, no lado formal… Mas, esse resolve-lhe muito pouco. Aquilo que chega à esfera do saber-sobre-um-saber-fazer não se incorpora logo no saber-fazer.
Vítor Frade (2003)

quinta-feira, 2 de abril de 2009

VALE A PENA LER DE NOVO

O quadrado-chave
O Barça entregou a equipa a um treinador inexperiente como é Guardiola e Guardiola entregou o jogo a um futebolista inexperiente como é Sergio Busquets. Na época do dream team, quando o Barça dividia o campo em 11 quadrados, Pep reservava o do médio para ele. Um lugar crítico para uma equipa que pretende ter a bola, porque é a partir deste ponto que se reparte o jogo e elege o ritmo. Sergio Busquets mede uns 1,91 m, tem grande qualidade de passe e não é especialmente intenso. O valor dele é posicional, porque respeita o seu quadrado como os guarda-redes respeitam a área; o seu segredo é gestual, porque tem muita coordenação e está sempre bem perfilado; e a sua velocidade é técnica, porque resolve sempre a um ou dois toques. Experiência? A ver se entendemos que para dirigir o jogo, como para dirigir uma equipa, como para dirigir um clube, antes da experiência faz falta critério.
Jorge Valdano, no jornal A Bola de 27 de Setembro de 2008